Chegou a hora da redação nota 1000!
“Mas como é que isso rola?!”, pergunta o atormentado candidato. Resposta da profe: é necessário atingir o nível 5 em todas as Competências. Calma, não se desespere. Vamos refletir. Afinal, é justamente isto que essa prova solicita: REFLEXÃO!
Acredite: você domina a Língua Portuguesa. Quando alguém de suas relações lhe faz uma pergunta, você a compreende e expressa suas ideias de forma articulada. Você se posiciona acerca da realidade, buscando referências nas diversas fontes de informação que possui, a fim de provar seu ponto de vista. Então? Você anda “redigindo” dissertações – o concurso requisita a tipologia dissertativa argumentativa – todos os dias.
Eis as Competências para análise da redação do Enem!
1) Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
2) Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema de acordo com os limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.
3) Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
4) Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
5) Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, demonstrando respeito pelos direitos humanos.
Como eu sei que você quer a Redação nota 1000 no Enem, se liga aí:
> tradicionalmente, o exame propõe um tema que constitui um problema social;
> caso esse problema não seja evidente, problematize;
> para tanto, pergunte-se “sobra?” / “falta?”;
“Como assim?!?!”, pergunta o aflito candidato. Resposta da profe por meio de exemplo:
Proposta de redação do Enem/2019: “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. Falta ou sobra democratização? Aí, conhecendo um pouco a realidade deste Brasilzão, a gente responde “Falta”. Taí o problema, amore.
> em seguida, organize seu texto (planejamento é fundamental até para ir ao supermercado).
“Então, o que a banca quer de mim para que a minha Redação nota 1000 se torne uma realidade?”, pergunta o já mais tranquilo candidato. Se liga na resposta da profe.
1) Nível 5 na Competência 1 = boa estrutura sintática (nada de frases fragmentadas ou siamesas!), uso da pontuação de acordo com norma culta e ausência de erros gramaticais.
2) Nivel 5 na Competência 2 = abordagem TOTAL do tema, estrutura de texto dissertativo, desenvolvimento de todas as partes (introdução, desenvolvimento(s) e conclusão), evidência de defesa do ponto de vista, obediência à tipologia dissertativo-argumentativa (Só informações? Não rola...) e...
Novidade: uso obrigatório de fonte externa. Aí, você fala: “Mas isso eu já sabia.” Ocorre que
> a utilização dessa fonte tem de ser produtiva, isto é, ela deve ser associada ao tema e à tese;
> sua retomada pode se dar no mesmo parágrafo ou em outro:
Exemplo.
> Tema – “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”
> Fonte externa - atitudes vingativas de Bentinho, narrador de Dom Casmurro, de Machado de Assis, contra Capitu.
> Retomada obrigatória (em qualquer parágrafo ou no mesmo parágrafo) – a fim de que nenhuma mulher seja exposta ao suplício público constituído pelo afastamento de seu espaço social – como o fez Bentinho com Capitu –, é necessário que a ação XXXX torne-se efetiva.
3) Nível 5 na Competência 3 = evidência de projeto de texto, evidência de fio condutor do pensamento, ausência de contradições e argumentos bem desenvolvidos.
4) Nível 5 na Competência 4 = uso de recursos coesivos (no mínimo dois interparágrafos e ausência de erros gramaticais). A ausência desses recursos de “grude” entre os parágrafos (mesmo sem erros) faz a gente despencar pro nível 3.
5) Nível 5 na Competência 5 = proposta de intervenção construída por meio de quatro elementos válidos + detalhamento de qualquer um dos quatro elementos (um aposto, uma oração explicativa, por exemplo):
qual seria a proposta de solução para o problema? (O QUÊ?)
quem deve executá-la? (QUEM?)
como ela deve ser executada? (COMO?)
qual os EFEITOS dessa proposta?
existem mais informações disponíveis para detalhar a proposta? (DETALHAMENTO)
Mas #abreoolho!
- estrutura condicional (ex.: O Estado deveria...) = elemento inválido;
- agente não específico (ex.: Nós precisamos...) = elemento inválido.
- qualquer marca, símbolo... (ex.: um traço no início do parágrafo para lembrar o recuo) = anulação da redação.
Respira, agora, o tranquilo candidato: “Vem nimim, Redação nota 1000!”
Como será o amanhã: pensando o tema 2020.
Não, eu não tenho bola de cristal nem algum outro instrumento que nos permita adivinhar o tema de redação do Enem 2020. No entanto, se nós nos basearmos nas edições anteriores e em todas as leituras que realizamos durante este ano (leituras amplas, amore: informações variadas das mais variadas plataformas, de tradicionais artigos jornalísticos até podcasts), dá pra ter uma ideia. Pelo menos, uma ideia do que devemos continuar (começar?) a ler.
Você já deve ter ouvido falar que o Inep (tá ligado em o que é Inep, né?) dá dicas do tema da redação do Enem. Se é vero, não sei. Mas que ocorreu uma baita coincidência nos últimos anos é fato. Quer um exemplo? Em seu perfil oficial no Instagram, cinco dias antes da prova de 2019, o Instituto divulgou a parceria do MEC com a Fundaj para que as salas de cinema fossem adaptadas para pessoas com deficiência. O tema da redação/2019? “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”.
Então, não custa fazer um exercício de futurologia, né? Bora.
1) A questão da saúde mental: em setembro, mês da prevenção ao suicídio, o Inep postou a informação de que 12 mil casos são registrados anualmente no Brasil. Somando essa referência a tantas outras veiculadas pela mídia, a gente pode pensar também em outras temáticas relacionadas à saúde (ainda mais neste 2020 louco!)
2) Os efeitos do tabagismo na saúde: outra pista do Inep em seu Instagram.
3) Transtornos do espectro autista e altas habilidades: mais um “carinho” do Instituto.
4) Saúde mental - cyberbullying e depressão: pensei nesse levando, também em consideração o tempo enorme que passamos na frente de uma tela de computador, sobretudo em 2020.
5) Saúde coletiva - a importância do SUS para a garantia à saúde no Brasil: outro que me ocorreu; afinal, não dá pra esquecer a pandemia e o papel do SUS.
6) A telemedicina no Brasil: considerei também esse, devido ao fato de, por causa da necessidade de isolamento social e da sobrecarga dos serviços médicos provocada pela covid-19, a telessaúde ter sido regulamentada em abril/20.
7) A importância da alfabetização na infância: outra pista do Inep em seu Instagram – diversas postagens sobre esse conteúdo foram feitas ao longo do ano. Acrescento a essa referência outras veiculadas pela mídia as quais me fizeram ter ideias...
8) O ensino a distância e os desafios do uso de tecnologia na educação.
9) Homeschooling - vantagens e desvantagens da educação familiar para a formação básica.
10) O aumento da evasão escolar em tempos de pandemia.
Seguindo em outra direção, ainda pensei em
11) O combate aos maus-tratos a animais (o presidente sancionou, em setembro, a lei 1095/2019 que aumenta a punição para quem praticar maltratar animais).
12) Cultura do cancelamento.
Uma dúzia tá bom, né, amore? Até porque – creio -, há um momento em que menos é mais. É claro que a gente poderia listar mais vários temas da redação 2020. Mas, aí, é só a gente se lembrar dos temas das provas feitas ao longo do ano:
“Solidariedade entre os povos”,
“A questão da pirataria no Brasil”,
“Que cenários prováveis já começam a emergir e devem se impor no mundo pós-pandemia?”,
“Os estereótipos na mídia e na literatura”,
“Perspectivas e desafios da educação a distância no Brasil”,
“Desafios para a formação política do jovem no Brasil”,
“A importância da televisão na formação cultural do brasileiro”,
“O abuso de poder e de autoridade no Brasil” e
“Democratização da educação superior no Brasil: avanços e desafios.”
Era isso, amore. Vai que...
Tranquilidade e bom texto. Não, não vou desejar sorte pra você, porque sorte é pra quem não sabe, e você... você vai bater de frente. Que o tema da redação 2020 seja o seu crush!
Professora Maria Tereza Faria